segunda-feira, 30 de agosto de 2010
terça-feira, 24 de agosto de 2010
O Sono de Percival
O justo é injusto, o injusto justo é.
Débil julguei ouvir tua voz a desoras.
Um lamento lento, por certo a voz
do vento. Secarei, talvez como o feno,
não dormindo, nem noites, nem dias.
Soluço abafado, sussurro apenas
perceptível após a brancura
obliterante do relâmpago,
quando cessa o fragor que o excede
e a chuva cai e tudo se cala,
terei ouvido tua voz. Secarei,
talvez, como o feno. O justo
é injusto, o injusto justo é.
Procurei no horto e no deserto,
sob o cavo ruído das torrentes
subterrâneas, na imemorial
pedra circular com que o humano
terror balizou os horizontes
do tempo. No espectro da rosa
dos ventos, no vento espectral
da rosa. Seria a voz do vento,
pintura da minha imaginação
doente, a vigília do sono,
a febre dos sentidos,
não dormindo noites e dias
para ouvir tua voz. O justo
é injusto, o injusto justo é
para ouvir tua voz.
Secarei como o feno.
Para ouvir tua voz.
Rui Knopfli, in "O Corpo de Atena"
Débil julguei ouvir tua voz a desoras.
Um lamento lento, por certo a voz
do vento. Secarei, talvez como o feno,
não dormindo, nem noites, nem dias.
Soluço abafado, sussurro apenas
perceptível após a brancura
obliterante do relâmpago,
quando cessa o fragor que o excede
e a chuva cai e tudo se cala,
terei ouvido tua voz. Secarei,
talvez, como o feno. O justo
é injusto, o injusto justo é.
Procurei no horto e no deserto,
sob o cavo ruído das torrentes
subterrâneas, na imemorial
pedra circular com que o humano
terror balizou os horizontes
do tempo. No espectro da rosa
dos ventos, no vento espectral
da rosa. Seria a voz do vento,
pintura da minha imaginação
doente, a vigília do sono,
a febre dos sentidos,
não dormindo noites e dias
para ouvir tua voz. O justo
é injusto, o injusto justo é
para ouvir tua voz.
Secarei como o feno.
Para ouvir tua voz.
Rui Knopfli, in "O Corpo de Atena"
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Hoje... Ai Hoje...
Hoje voltei à minha condição original de ser depressivo.
Rasgaram-me o fato de felicidade.
Vestia-o orgulhosamente.
Bastaram poucas paralavras para o fazer...
Foram muito assertivas!
Procuro... procuro...
Encontrei outro!
Mas não caibo...
A minha tristeza é tão grande que já é inevitávelmente inerente ao meu ser.
Hoje voltei à minha condição original de ser depressivo.
Rasgaram-me o fato de felicidade.
Vestia-o orgulhosamente.
Bastaram poucas paralavras para o fazer...
Foram muito assertivas!
Procuro... procuro...
Encontrei outro!
Mas não caibo...
A minha tristeza é tão grande que já é inevitávelmente inerente ao meu ser.
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